Cidades inteligentes como motor da revolução digital
Um símbolo de sustentabilidade e eficiência
Um símbolo de sustentabilidade e eficiência
“Uma cidade inteligente é um local onde as redes e os serviços tradicionais se tornam mais eficientes com a utilização de soluções digitais para benefício dos seus habitantes e empresas.
Uma cidade inteligente vai para além do uso de tecnologias digitais para uma melhor utilização dos recursos e menores emissões. Significa redes de transportes urbanos mais inteligentes, instalações melhoradas de abastecimento de água e de eliminação de resíduos, e formas mais eficientes de iluminar e aquecer os edifícios. Significa também uma administração urbana mais interativa e reativa, espaços públicos mais seguros e a satisfação das necessidades de uma população envelhecida.”
– Comissão Europeia
Com este ponto de partida, vamos aprofundar e compreender todos os aspetos que definem e influenciam as cidades inteligentes.
Pensamos numa cidade inteligente como um computador gigante em funcionamento – cada componente assume um papel fundamental no desempenho global. Então, quais são os órgãos vitais das cidades inteligentes?
- Infraestrutura crítica
Inclui edifícios, estradas, tratamento e distribuição de água, soluções de transporte e mobilidade, cuidados de saúde, educação, segurança pública, etc. Numa cidade inteligente, todas estas peças estão ligadas e tornam-se mais eficientes graças a Internet of Things (IoT) e a soluções de Inteligência Artificial (IA).
- Análise e governança de dados
A análise de dados (data analytics) permite analisar grandes volumes de dados provenientes de várias fontes, como o trânsito, a utilização de energia e os padrões de consumo. Esta análise é crucial para a tomada de decisões informadas, com o objetivo de melhorar a eficiência dos serviços urbanos e a qualidade de vida dos cidadãos. A governaça de dados (data governance), por outro lado, é essencial para garantir a integridade, a privacidade e a segurança dos dados. Estabelece normas e políticas para a gestão dos dados, assegurando que estes são utilizados de forma responsável e ética.
- Eficiência ambiental
A tecnologia desempenha um papel fundamental para garantir uma vida sustentável e a eficiência energética numa cidade, o que contribui para uma melhor qualidade de vida.
- Banda larga e redes de comunicação
A espinha dorsal de qualquer cidade inteligente é ter uma boa Internet. Desta forma que os dados são recolhidos e transferidos, permitindo que todos os outros componentes funcionem sem problemas.
- Cidadãos
O envolvimento dos cidadãos é fundamental para alcançar mudanças positivas e inovação.
A interseção de dispositivos de IA e IoT é o que impulsiona a verdadeira inovação por trás das cidades inteligentes, conduzindo a uma maior eficiência, bem como a economia de tempo e dinheiro, entre outras vantagens.
- Dispositivos IoT: uma rede complexa e colaborativa de dispositivos e objetos conectados que podem comunicar e trocar dados relacionados com o trânsito, os transportes, a qualidade do ar, a energia, etc. Prevê-se que o número de dispositivos IoT continue a crescer e ultrapasse os 75 mil milhões em 2025.
- Inteligência Artificial: enquanto os dispositivos IoT recolhem dados, os algoritmos de IA são responsáveis pela gestão e análise desses mesmos dados, o que significa que são a base de data analytics e da tomada de decisões informadas.
Guilherme Zuccolotto, Head of Data & AI da act digital, explica um pouco melhor essa relação simbiótica. “A integração entre IA e dados é fundamental para o funcionamento eficaz de cidades inteligentes. Isso envolve a coleta de dados em tempo real por meio de sensores IoT e câmeras, seguida da análise preditiva utilizando algoritmos sofisticados de Machine Learning [ML] em tempo real”, explica. O resultado é claro: “Essa análise embasa a tomada de decisões em áreas como tráfego, a segurança e a gestão de recursos. A interdependência entre IA e dados forma a base para a eficiência operacional e a tomada de decisões em tempo real”, conclui.
Indo para além dos aspetos técnicos das cidades inteligentes, os benefícios que trazem para aqueles que nelas vivem são bastante claros. Trazemos alguns exemplos:
Transporte
-Sensores IoT instalados nos semáforos podem monitorar o fluxo de tráfego, detectar congestionamentos e acidentes. Uma análise de IA destes dados pode ajudar os semáforos a adaptarem-se à situação atual;
-Sensores IoT instalados em lugares de estacionamento conduzem os condutores diretamente para os lugares disponíveis, reduzindo o congestionamento.
Saúde
Segurança
Energia
Gestão de resíduos e de água
O Índice de Cidades Inteligentes de 2023 analisou um total de 141 cidades, inquirindo cerca de 20.000 cidadãos em todo o mundo. Eis o top 10:
Como tudo na vida, as tecnologias das cidades inteligentes também colocam alguns desafios – sobretudo relacionados à gestão de dados, cibersegurança, infraestruturas e ética.
De acordo com o Chief Data Officer (CDO) da act digital, Everton Gago, estes são os principais desafios relacionados à gestão de dados:
- Heterogeneidade dos dados - “Os dados muitas vezes provêm de fontes distintas e em formatos diferentes, exigindo esforços significativos para a sua integração e normalização.”
- Precisão dos dados- “A garantia da qualidade dos dados e a minimização de vieses nos conjuntos de dados também são aspetos críticos.”
- Problemas de escalabilidade e armazenamento - “São especialmente desafiantes à medida que o volume de dados aumenta.”
Felizmente, existem várias estratégias e ferramentas para ajudar a resolver estes potenciais problemas. Everton Gago destaca as seguintes:
Guilherme Zuccolotto aponta alguns acontecimentos relacionados com a implementação de IA em cidades inteligentes:
- Requisitos de infraestrutura - “Podem surgir problemas técnicos, como a disponibilidade de ambientes. A infraestrutura necessária para suportar estas tecnologias deve ser robusta e confiável.”
- Problemas de privacidade, segurança e financeiros - “Estes problemas podem surgir devido à coleta massiva de dados. O custo associado à implementação é uma preocupação, e a adoção pública pode ser afetada pela resistência à vigilância constante e pelo medo da substituição de empregos.” Como CDO, Everton Gago também acrescenta sua opinião em relação à privacidade: “É crucial implementar políticas de privacidade robustas e transparentes, bem como adotar tecnologias de criptografia de dados de ponta. A aplicação de técnicas de anonimização de dados pode ajudar a proteger a identidade dos indivíduos. Além disso, a conformidade com regulamentos de proteção de dados, como o LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais), é fundamental”, defende.
- Preocupações éticas - “A garantia do uso ético e responsável da Inteligência Artificial em cidades inteligentes é sustentada por diversas medidas e estratégias, como:
Os cibercriminosos podem acessar os dados de cidades inteligentes por meio de firewalls mal configuradas, credenciais fracas, hacking de dispositivos IoT, phishing, entre muitas outras táticas. Alguns dos resultados mais comuns são:
Como o Guilherme Zuccolotto já disse, o volume de dados em cidades inteligentes aumenta o risco de estes serem roubados, utilizados indevidamente e até mesmo perdidos de forma irreversível.
- Sequestro de dispositivos
Se um ciberatacante obtiver acesso a um dispositivo conectado, pode assumir silenciosamente o controle do mesmo, implementar ransomware, comprometer outros dispositivos na rede, e muito mais.
- Ataque Man-in-the-Middle (MITM)
Neste tipo de ciberataque, um hacker intercepta a comunicação entre duas partes/sistemas, o que lhe dá o poder de transmitir discretamente informações falsas e potencialmente prejudiciais.
Em relação a tendências futuras, Everton Gago destaca a crescente integração de IoT com IA, bem como a adoção de tecnologias energéticas sustentáveis. Guilherme Zuccolotto concorda, esperando avanços particulares na IA conversacional e em soluções sustentáveis que procuram responder aos desafios ambientais – “como habilitar uma malha elétrica para transporte privado e coletivo”, exemplifica.
Quanto aos desafios futuros, o Chief Data Officer da act digital prevê “questões de escalabilidade das infraestruturas tecnológicas, a necessidade de desenvolver novos modelos de governança de dados, a constante adaptação às mudanças nas regulamentações de privacidade e segurança de dados, e o desafio de garantir a inclusão e a acessibilidade tecnológica para todos os cidadãos”. Já Zucco destaca ainda “desafios éticos emergentes e preocupações com responsabilidade legal”. Além disso, conclui, “a integração global de tecnologias entre cidades e países também representará desafios de interoperabilidade e colaboração, além de regulamentações e diferentes padrões operacionais”.
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